26 de fev. de 2007

Triste, muito triste.



Modelo uruguaia morre de parada cardíaca seis meses após irmã
da France Presse, em Montevidéu Eliana Ramos, 18, modelo uruguaia da agência do empresário argentino Pancho Dotto, morreu na terça-feira após uma parada cardíaca, seis meses depois da morte de sua irmã, Luisel, aos 22 anos, vítima do mesmo problema.A necropsia feita em Elle, como Eliana era conhecida, constatou que a causa da morte foi uma "falha cardíaca aguda", que ocasionou a parada cardíaca. O exame do corpo, realizado por determinação do juiz Roberto Timbal no Instituto Técnico Forense em Montevidéu, "não encontrou nada de estranho", afirmou uma fonte judicial. Eliana Ramos foi encontrada morta na manhã de terça-feira por sua avó, com quem passava alguns dias. Seus pais estavam em férias em La Paloma, em Rocha, 190 quilômetros a leste de Montevidéu. As mortes de Elle e de sua irmã Luisel, em 2 de agosto de 2006, acirraram as especulações sobre os hábitos das duas --pergunta-se, por exemplo, se as modelos se alimentavam corretamente, se sofriam de algum transtorno alimentar (como a bulimia ou a anorexia) e se consumiam drogas. Luisel morreu durante um desfile, no momento em que se dirigia ao vestiário para vestir outro modelo de roupa. Uma de suas colegas, estudante de medicina, tentou sem sucesso reanimá-la, pressionando seu peito e fazendo respiração boca-a-boca. A necropsia realizada em Luisel determinou que a jovem morreu em decorrência de uma "parada cardíaca fulminante". Foi detectado na modelo um problema cardíaco congênito. Na época de sua morte, fontes policiais chegaram a afirmar que o pai da jovem declarou que ela "não se alimentava há vários dias".

Contra a anorexia 3



A atriz Kate Winslet, 31,lança um apelo contra a anorexia na próxima edição da revista "Tu"."Jovens, não destruam suas vidas em busca da magreza, peço que vocês comam."A declaração chega às bancas italianas nesta quarta-feira. Na mesma entrevista, Winslet afirma que "a pressão sobre estas jovens é incrível, elas se destroem para seguir modelos anti-naturais. Isso é perigosíssimo sobretudo na adolescência, porque é quando você percebe como são vistas as pessoas mais gordas. Você acaba se achando sempre gorda e perde o contato com a realidade"."A culpa é também do cinema e da televisão. Somos bombardeados com mensagens de magreza que sugerem um padrão doentio", conclui a atriz.

Modelo de 132 kg




Há modelos que não precisam se preocupar com termos como anorexia ou bulimia, distúrbios alimentares que chegam a provocar a morte. A norte-americana Velvet d'Amour é um exemplo. Com 132 quilos, ela desfilou, em Paris, no mês passado, para o estilista francês Jean-Paul Gaultier e roubou a cena, com destaque na mídia internacional, ofuscando a geração "Olívia Palito".O sucesso da "Gisele Bündchen das gordinhas" ocorre em um momento em que a indústria da moda questiona os sacrifícios de modelos para se enquadrarem nos padrões de beleza (ou magreza), enquanto alguns defendem que profissionais anoréxicas sejam banidas das passarelas. Esse mercado tira seu lucro de corpos esqueléticos e do sonho de adolescentes de conquistar a fama a qualquer custo. Velvet contraria esses estereótipos. Ela tem 39 anos e desponta como um símbolo sexual na categoria BBW (Big Beautiful Woman, algo como Gordas Bonitas). Essa sigla é velha, mas está cada vez mais atraindo a atenção da indústria da moda. Um motivo simples: as gordinhas gastam dinheiro com roupas, consultam catálogos e revistas, ou seja, precisam de referências, principalmente em países de obesos, como os EUA. No campo da sexualidade, as BBWs também mostram suas garras. Há uma infinidade de sites explorando o corpo das gordinhas. Muitas páginas possuem conteúdo lésbico. No desfile de Gaultier, Velvet usou uma cinta-liga preta, deixando as coxas fartas à mostra. Nascida em Nova York, mas com residência em Paris, ela caminhou pela passarela em meio a modelos magras. Não é a primeira vez que Velvet trabalha para Gaultier. No ano passado, ela já havia desfilado para ele, na apresentação da coleção primavera-verão. Sua performance na passarela foi classificada por jornalistas presentes no desfile de Gaultier como "maravilhosa", "segura" e "talentosa". Mas alguns críticos disseram que foi um golpe de marketing do estilista para chamar atenção da mídia, aproveitando que a discussão sobre os padrões de magreza estava na pauta das fashionistas. Velvet evita entrar na polêmica sobre o debate da magreza doentia na indústria da moda. Para ela, o importante é que as passarelas reflitam a diversidade do mundo, dando espaço também para as gordinhas. Ela sonhava ser modelo desde os 20 anos, quando pesava 55 quilos. Velvet confessa que chegou a passar fome para perder peso. Fez uma dieta de consumo diário de apenas 500 calorias. Mas desistiu. "Sou uma mulher que gosto muito de mim, do meu corpo. Acho que isso é único. Por isso, essas oportunidades estão se abrindo para mim", disse Velvet.
Na TV, as pressões maternas para ter filhas magras também já motivam debates. Na segunda temporada do seriado "Weeds", que estreou nos EUA em agosto no canal Showtime, a personagem Celia (Elizabeth Perkins) valoriza a magreza e atormenta sua filha gordinha, que vai trabalhar como modelo de roupas tamanho GG para adolescentes. No Brasil, o seriado é exibido pelo canal pago GNT, às quintas (23h45).Em sites de vídeo, como o YouTube, os fãs das BBW colecionam cenas de mulheres que usam o manequim GG, como o desfile de Velvet em Paris. Em vez de anorexia e bulimia, a geração de BBWs tem de se preocupar com outros distúrbios alimentares, como a obesidade mórbida.

Contra a anorexia 2

Grandes associações de moda querem trabalhar juntas contra anorexia.
da France Presse, em Paris.As associações de moda de França, Itália, Estados Unidos e Reino Unido decidiram fazer uma reflexão sobre a magreza excessiva das modelos, organizada por iniciativa das autoridades de seus respectivos países, anunciou nesta quinta-feira, em Paris, a Federação francesa de Alta-costura."Não temos necessariamente o mesmo ponto de vista, mas estamos bastante próximos uns dos outros. Estamos de acordo em que não se trata de um problema de regulamentação, mas de informação", disse o presidente da federação, Didier Grumbach.As quatro organizações se reuniram na quarta-feira, em Paris, onde ocorrem desde segunda-feira os desfiles de alta-costura, para tratar do tema. "Decidimos coordenar nossa ação e avançar no mesmo sentido", disse Grumbach.A anorexia "é um problema grave frente ao qual não podemos ser insensíveis, e é suficientemente complexo para que seja feita uma reflexão coletiva" sob o patrocínio do Ministério da Saúde, segundo a Federação francesa de Alta-costura, que anunciou que "vai participar do grupo de reflexão junto com outras associações".O ministro francês da Saúde, Xavier Bertrand, anunciou na segunda-feira a criação em breve de um grupo de trabalho sobre a imagem corporal, que tem por missão apresentar recomendações relacionadas ao problema da anorexia. O mundo da moda é sacudido há meses por uma polêmica sobre a magreza excessiva e a saúde das modelos, após a morte no ano passado de duas delas: a uruguaia Luisel Ramos, 22, que sofreu um ataque cardíaco em plena passarela em agosto, e a brasileira Ana Carolina Reston, 21, morta em novembro vítima de uma infecção generalizada causada por sua debilidade extrema. A Passarela Cibeles, a Semana da Moda de Madri, decidiu em setembro barrar as modelos que não tivessem índice de massa corporal mínimo para estar em boa saúde, a partir de 18,5, segundo a OMS. No entanto, o Conselho de Moda Britânico (BFC, na sigla inglês) informou nesta quinta-feira sua recusa a barrar modelos magras demais das passarelas.O anúncio do BFC ocorre duas semanas antes do início da Semana de Moda de Londres, apesar das proibições impostas em Madri e Milão, e dos apelos para que o Reino Unido tomasse a mesma medida.O BFC informou que manterá sua recusa de exigir que as modelos obedeçam a padrões específicos, mas que criará uma força-tarefa com especialistas em desordem alimentar para promover uma imagem corporal saudável nas mulheres. "Acreditamos que a regulamentação não é desejável, nem obrigatória", informou o BFC em um comunicado. "O que fará diferença é o compromisso da indústria da moda em mudar atitudes através do comportamento e da educação', acrescentou a organização, seguindo uma medida adotada pelo Conselho de Estilistas de Moda da América (CFDA, na sigla em inglês), criador da Semana da Moda de Nova York, que decidiu este mês não proibir modelos abaixo do peso, embora tenha pedido mais educação sobre distúrbios alimentares.

Kelly Key é gorda?



Um dos destaques da Vila Isabel, escola campeã do ano passado, a cantora Kelly Key, 23, ouviu o público fazer coro de "gorda", "gorda", ao aparecer em um biquíni pequeno sobre um carro alegórico."Isso me arrasou. Me achei pelada", afirmou a cantora. E completou: "fiquei morrendo de vergonha e procurei o tempo todo me esconder". Kelly, famosa pelo refrão "baba baby, baby baba", anunciou que, se a escola aparecer no desfile das campeãs, no sábado à noite, vai querer uma fantasia bem mais discreta, que mostre muito menos o seu corpo. "Quero vir vestida", disse. Além do constrangimento público pelo qual passou, a cantora insinuou não ter se sentido segura durante o desfile. A cantora ressaltou que teve muito medo de ficar em cima de um carro e que, no ano que vem, pretende desfilar no chão."Fiquei morrendo de medo de cair. O carro balançava demais, principalmente na hora em que cantavam o refrão", afirmou.Kelly declarou que já não desfilava havia dez anos na Sapucaí. Na sua última aparição, saiu como Eva na escola Caprichosos de Pilares. Para ela, foi tudo diferente desta vez."Agora, foi um carro só para mim, teve mais emoção, mais energia", declarou. Apesar de tudo, Kelly Key não se fez de rogada e afirmou que, apesar de ter sido chamada de gorda pelo público, também recebeu elogios de diversas pessoas."Disseram que eu estava gorda, mas gritaram também que eu estava linda, bonita e com o corpo legal", disse. O que sobra para o resto das mulheres...

23 de fev. de 2007

Guerra contra a anorexia

Anorexia em debate



A ex-modelo Claudia Schiffer participou de um debate sobre anorexia na indústria da moda nesta quarta-feira, em uma loja de departamentos na Cidade do México. Segundo a agência de notícias AP, Claudia aconselhou as jovens modelos a tomarem cuidado com a doença.A anorexia tem preocupado o mundo da moda desde a morte de modelos por causa da doença. Em Madri, as modelos muito magras foram barradas na semana de moda da cidade, a Pasarela Cibeles.Durante o São Paulo Fashion Week foi lançada a cartilha Coma bem e sem culpa - Um guia de alimentação saudável para modelos e houve palestras sobre o tema.

Mais curvas



Num continente onde a fome atinge regularmente milhares de pessoas, a presença de modelos supermagras nas passarelas pode ser um tanto indigesta.É por isso que a indústria da moda da África do Sul está se unindo à ação global contra o excesso de magreza das modelos, trocando as meninas "sequinhas" por curvas sensuais e pelo bumbum arrebitado das africanas na semana da moda que aconteceu este mês."Acho que as meninas aqui são mais atléticas", disse Paul Jackson, executivo-chefe da Leisureworx, que organizou a primeira semana da moda de outono/inverno da África, que acabou no domingo.A London Fashion Week, na semana passada, foi dominada pelo debate sobre o corpo das modelos. Em Londres, os organizadores decidiram não proibir a presença das supermagras nas passarelas, mas fizeram um apelo aos estilistas para que usem apenas modelos saudáveis.O movimento mundial contra a magreza excessiva, que já era atuante na Europa, ganhou ainda mais força com a morte da modelo brasileira Ana Carolina Reston, no ano passado, em decorrência da anorexia.Segundo Jackson, os sul-africanos não pretendiam permitir que as modelos magérrimas desfilassem, mas não precisaram barrar ninguém, já que os estilistas locais naturalmente optaram por um visual mais arredondado.Outro motivo para que a aparência supermagra não tenha tanto sucesso entre as negras é a enorme prevalência da Aids no continente e o estigma ligado à doença. Por isso, as mulheres se esforçam para ter um visual saudável e bem nutrido. Mas também é uma questão de orgulho de ser africana."Nós, negras sul-africanas que crescemos sob o apartheid, sabemos que nunca teremos cabelo liso, sabemos que nunca seremos tão magras quanto algumas dessas garotas brancas, e estamos felizes assim", disse Busi Dlamini, 27, que vestia um sarongue queniano com acessórios vermelhos.
Notícia do Terra Moda. Agência Reuters.

22 de fev. de 2007

Just do







A agência americana Cryspin+Porter+Bogusky aceitou o interessante desafio de emagrecer uma pequena cidade do estado de Minesotta, cujos habitantes estavam muito acima do peso aceitável e tinham hábitos muito pouco saudáveis. A solução foi criar uma nova consciência, mudar o jeito de pensar das pessoas, mostrar que se mexer é bom. Foi um sucesso.

Meu pescoço é um horror



Depois do sucesso da literatura feminina conhecida como chick lit, protagonizada por jovens mulheres - e seus elegantíssimos pares de sapato Manolo Blahnick - em busca de um lugar ao sol e de alguém com quem dividir os sonhos, o mercado literário agora começa e explorar outro tipo de literatura contemporânea voltada para o público feminino: a lady lit. As tramas continuam repletas de humor, sofisticação e vivacidade, mas as protagonistas da lady lit, como a própria tradução das palavras sugere (literatura de madame), já passaram dos 50 anos e têm muito mais histórias para contar. A Editora Rocco saiu na frente nesta corrida selecionando para o mercado brasileiro o que de melhor vem sendo feito para este público que já não tem mais 30 anos, e nem por isso deixou de ter dúvidas sobre a carreira, o amor, a família ou que roupa usar num primeiro encontro. A cultuada diretora e roteirista norte-americana Nora Ephron (Harry&Sally) mostra sua sagacidade e bom humor em ensaios inspirados sobre o universo feminino reunidos no livro Meu pescoço é um horror - e outros papos de mulher. Assim que foi lançado nos Estados Unidos, Meu pescoço é um horror assumiu o primeiro lugar na lista dos mais vendidos do jornal New York Times.

15 de fev. de 2007

A favor da idade


A Huis Clos seguiu a idéia da sua patrocinadora, Natura, e colocou modelos de 24 a 64 anos vestindo suas roupas no último SPFW. Agora é Dove que, dando sequência a sua campanha pela real beleza, lança uma nova linha de produtos para a pele e cabelo
batizada de pro age. A campanha mostra mulheres mais velhas e o conceito 'Esta mulher não poderia estar num anúncio de um produto anti-age. Claro, porque este não é um anúncio anti-age. É um anúncio pro-age." Legal.

13 de fev. de 2007

Mia Tyler a irmã gordinha de Liv



Já imaginou ter uma irmã linda e famosa e ser a cara dela? Detalhe: sem ser gêmeas. Pois é, essa a história da modelo Mia Tyler, irmã da Liv Tyler. Filhas do mesmo pai e de mães diferentes, as duas são quase iguais, não fossem os quilinhos a mais que fizeram de Mia uma das mais importantes modelos de tamanhos grandes do circuito fashion americano.

Modelo só pode ser magra?







Fotos Letícia Remião 2007

6 de fev. de 2007

Na passarela da vida

Enquanto grande parte das mulheres perseguem a beleza das modelos, a indústria da moda batalha para estabelecer um padrão estético mais aceitável para as passarelas.

Nesta segunda-feira, estilistas americanos reiteraram o desejo de lutar contra a magreza excessiva das modelos que participam da Semana da Moda de Nova York, mas sem estabelecer regras radicais, apesar dos apelos crescentes por uma regulamentação.

Antes tarde do que nunca! Já era tempo de todos chegarmos ao consenso de que modelos são exceção, não regra. Elas são lindas, é claro, mas aposto que se sentem tão pressionadas pelo padrão estético estabelecido no mundo da moda quanto as mulheres que tentam copiá-las fora das passarelas. Mesmo sendo esculturais, elas sofrem por mínimas gramas, eventualmente adquiridas. Já quem não é modelo, sofre por não ter as tais medidas padronizadas.

O que não dá para aceitar é que a beleza esteja apenas na forma física. Existem milhares de mulheres interessantes que merecem atenção por outras razões além da estética. A valorização das curvas sempre foi maior que a do intelecto. No Carnaval carioca, por exemplo, Preta Gil quebrou paradigmas, mas não recebeu atenção da imprensa. Escolhida como a primeira gordinha da história do carnaval a ocupar o posto de rainha da bateria da Mangueira, ela, heroicamente, se jogou na avenida sem vergonha ou preconceito. Acredito que aceitar tal convite deva ter sido super difícil. “O que as pessoas vão dizer?” “O que vão pensar? “Quanto vou ter de emagrecer ?” Mesmo a mais descolada das criaturas passaria por questionamentos como esses antes de aceitar o posto.

Mas Preta foi corajosa e está mostrando a que veio. Infelizmente, mesmo filha e sobrinha de quem é, uma mulher bonita, inteligente e com roupas bacanérrimas, ela não brilha tanto quanto outras. Mas tá lá. Todo mundo sabe que a Grazi é a gata do momento e que a Juliana Paes é uma baita gostosa. Mas e as outras? E as Pretas que existem nas avenidas do mundo? Não merecem holofotes?

Tudo isso deveria ser mais democrático. Não tenho nada contra mulheres padrão. Adoro moda, desfiles e toda a função que esse mundo representa. Quem me dera ser uma Gisele - juro que faria supermercado de biquini e pegaria todos os bofes do mundo! Mas, na falta do corpo escultural, acho que temos de encontrar o que existe de bonito dentro da gente. Mesmo que não sejamos perfeitas, vale lembrar que somos reais! E que a beleza vem de dentro pra fora!

5 de fev. de 2007

A imagem sem espelho


Eu e minhas amigas de praia sempre nos achávamos gordas.

E de fato, pensando que hoje o 36 é o novo 38, a gente não era assim nenhuma Kate Moss. Talvez tenha sido na minha geração que o padrão de beleza começou a mudar. Agente só queria ir para a praia. Namorar surfistas e andar de biquíni o tempo todo. Que azar o nosso não ter nascido no Rio de Janeiro. Nossos parâmetros de beleza não desfilavam em passarelas. Andavam pelas areias de Venice Beach, de sorriso muito branco, cabelo loiro (de sol) com biquinis amarradinhos, ao lado de um super gato deombros fortes e tatuados, cabelo de...parafina. A gente achava elas e eles lin-dos! E eram. Ainda não existia aqueles músculos de academia. A beleza era natural. Não tinha modelo que a gente admirasse. Moda pra nós eram os novos biquines que apareciam nas praias cariocas a cada verão. Desfiles de estilistas? Pret-a-porter? Paris? Issopoderia interessar à minha mãe, não a mim. As modelos, poucas conhecidas, nos pareciam apenas insuportavelmente brancas. Boas para editoriais de revistas importadas, que , aliás, não nos interessavam em nada. Gostávamos da Pop e depois,da Capricho, da Surfer, da Sports Illustrated, essas coisas. Ser modelo não era um projeto para ninguém que eu conhecia. Algumas meninas bonitinhas chegaram a se dar bem participando de concursos de miss. Teve uma que foi até Miss Mundo! O mais notável não era o fato dela ser linda. A gente achava que ela era inteligente, isso sim. Viajou o mundo todo. Ganhou uma grana, um carro, enfim, tudo o que a gente queria. Eu não me lembro de querer ser ela. Mas aquele carro, lembro bem, como eu queria. Duas ou três vezes, depois de uma comilança adolescente,popularmente conhecida por larica, vomitávamos no banheiro.Eu fiz isso uma vez depois de comer duas toneladas de bala de coco feita em casa. Forcei o vômito. E me senti muito bem depois. Apesar desse momento ter sido para mim um fato isolado, algumas amigas faziam isso com certa frequência. Eu tinha a nítida impressão de que aquilo não devia fazer bem para a saúde.Mas o conceito de saúde era muito diferente do que é hoje. Hoje, se você frequenta obssessivamente uma academia ou é viciado em corrida, se não toma sol e come só salada, você é saudável. Sério? Sério. Pois pra mim saúde é um conceito bem menos aparente. Que acontece em quase 100% dos casos, no interior de nossas cabeças.
Se a cabeça for saudável (o que singifica entre outras coisas não ficar pensando se você tem uma cabeça saudável), você pode se dar conta, por exemplo, que gordura ou beleza é apenas um ponto-de-vista. Se você rasgar suas fotos hoje porque se achou gorda, vai perder a grande oportunidade de amanhã, ao olhar as mesmas fotos, perceber o quanto, na verdade,você estava magra. Anota aí: você sempre está mais magra nas fotos de ontem. E também com mais cabelo e, incrivel, mais jovem. Cabeça saudável desapega. Não fica remoendo fórmulas e ideais. Veja alguém morrendo de rir de si mesmo: uma cabeça saudável mora em cima daquele pescoço. O peso mais incômodo sequer aparece no espelho.É o peso das idéias tortas, da falta de compaixão consigo mesmo, que acaba virando falta de compaixão com os outros. O peso da grosseria, da falta de sutileza, delicadeza, da falta de transparência. São todos pesos que não se registram na balança mas que ficam evidentes para qualquer bom observador.Quando a gente não se quer bem, quando não nos divertimos com nossos próprios pensamentos, não tem dieta que resolva. Faça uma cirurgia plástica de 6 horas de duração, elimine 6 quilos de gordura, rugas e pele frouxa e, ainda assim, é nossa cabeça que está ali. Peço perdão por recorrer a um exemplo tão triste. Mas o peso que a pobre modelo, cuja morte por anorexia, tem movimentado o país numa verdadeira cruzada contra a magreza como padrão de beleza, muito pouco tinha a ver com a SPFW, ou qualquer outra imagem tola que o mundo da moda possa projetar.A pobre garota tinha um peso que transparecia no olhar, não na cintura. Eu tenho a impressão de que andamos perdendo algumas coisas nos últimos tempos.E não foi só peso (o 36 ter virado o novo 38 é insuportável!. Andamos perdendo a própria capacidade de se gostar. De aceitar os limites e falhas que, pensando bem, são exatamente o que nos torna humanos e interessantes. Modelos são deusas. Ou seja, são perfeitas. Não falham. Do alto dos seus 14 anos e saltos 12, podem tudo. E tudo isso só porque são, de um ponto de vista editorial, belas. Isso é um peso pesado demais para corpinhos tão frágeis e auto-estimas tão fracas carregarem.Mulheres, por favor, aceitem o inevitável: nascemos e morremos.De que ponto de vista vamos olhar o que está no meio disso, o que admiramos, que escolhas fazemos, que imagem escolhemos para nós. Aí está a questão.

Tetê Pacheco





Tetê Pacheco: como quase todo publicitário entende quase nada de quase tudo. Ainda assim, trabalhou para o GNT, Rede Globo, deu consultoria criativa para marcas como TIM, Renner e Grendene e, durante alguns anos, foi criadora na W/Brasil, onde ganhou prêmios e a noção de que dessa vida nenhum currículo se leva.