18 de ago. de 2008

Justificativa

Gurias,
ando bem louca aqui.
A milhão mesmo!

Por isso ando sumidinha...

Para quem não sabe estou fazendo o programa de TV da Luciana Genro para a prefeitura de Porto Alegre.

Saiu até na ZH de Hoje:



O JEITO DE SER DOS CANDIDATOS 2

Luciana, rebelde sem cachos

Até domingo, a série de reportagens revelará o lado menos público dos candidados a prefeito de Porto Alegre. Não é um perfil político. Estilo Próprio visitou os oito concorrentes, revelando um pouco do jeito de ser deles. A publicação da série segue o critério de ordem alfabética.

Luciana Genro está diferente. O cabelo tem novo corte, perdeu os cachos, foi modelado no salão. Unhas vermelhas também são mais freqüentes para a candidata do PSOL à prefeitura de Porto Alegre. Aos 37 anos, a deputada federal vive uma mudança de visual assumida e planejada:– Achei que por respeito ao cargo que estou disputando deveria me apresentar de uma forma mais cuidada. Nunca dei muita bola para roupa, nunca comprei roupa – conta ela, revelando ainda que a mãe e a irmã é que a socorriam neste departamento, presenteando-a com as peças.Na sexta-feira, antes da entrevista na sua casa, no bairro Assunção, ela foi “se arrumar”. Surgiu levemente maquiada, magra para o seu 1m70cm. Chegar à casa de Luciana, onde vive com o marido, o jornalista Sérgio Bueno, e o filho, Fernando (jogador de futebol), é também a oportunidade de conhecer uma outra turma residente no endereço. São cinco cachorros e dois gatos que circulam entre o pátio da frente e o dos fundos.

– Quem cuida dessa população? – bate a curiosidade.– Cuidar, cuidar mesmo, é o Sérgio. Eu só curto – diz ela, entre risos.E curte em dias marcados. Luciana trabalha há seis anos em Brasília. Vive de terça à quinta em um JK alugado.– Não existe sacrifício maior do que viajar toda semana. Acho muito cansativo, não gosto de ficar longe de casa – elenca um dos lados difíceis da vida que escolheu cedo, desde a militância na adolescência, ainda estudante no colégio Maria Imaculada e depois no Julinho.– No início, sofri muito em ficar longe, sozinha. Mas foi um aprendizado.Para o casamento de 14 anos, porém, a distância forçada pode ser uma receita precisa.– É muito bom, dá aquela saudadezinha e o reencontro é sempre uma festa.Há um ano, sua vida em Brasília melhorou muito. A mãe Sandra, que é médica e morava em Porto Alegre, aposentou-se e juntou-se ao marido. Para receber a mulher, o ministro da Justiça, Tarso Genro, trocou o hotel em que vivia por uma casa.

– Eventualmente janto, até durmo na casa deles.A mãe é sua grande parceira. Vem especialmente de Brasília para os eventos importantes. E vai além: é uma das financiadoras da campanha.Para não pedir doações a empresas privadas, Luciana sempre contou com a ajuda da mãe, de amigos e do partido. Revela que, dos R$ 16 mil que ganha, fica com quatro e o restante doa ao PSOL.

A cozinheira de fim de semana gosta de jantares regados a vinho tinto. Os gaúchos e os chilenos são os preferidos. E fala como conhecedora:– Gosto de cabernet, mas, para ele ser bom, tem que ser caro. Então, prefiro comprar um merlot, um malbec. Um vinho médio, que custa menos.Adora doces. Para manter-se magra, pratica musculação, fica de olho na dieta e abastece sempre a cozinha, sua peça preferida da casa, com alguma sobremesa light.

A saída dos cachos e a entrada da escova progressiva na vida de Luciana devem-se também à assessoria da jornalista Mauren Motta, responsável pela campanha da deputada na televisão. Mas há ainda uma certa rebeldia:– Ela (Mauren) disse para eu vir com uma blusa roxa, mas eu esqueci na produtora.

Seu novo visual mexe com os eleitores. Alguns sentem falta do cabelão. A maioria elogia.– E o marido?– Ah, ele não é muito ligado. Ele gosta de mim de qualquer jeito.

Viram só? Por isso ando sumida... além disso o meu site novo, com uma seção dedicada ao De Dentro Pra Fora está no ar.

Passa lá: http://www.maurenmotta.com.br/

Ah! Achei a na web a frase do dia do machão:
"Eu sempre me importei com a beleza interior da mulher. Uma vez dentro… beleza!"

Beijo meninas!

17 de ago. de 2008

Foi-se a era das supermodelos



O caderno Donna da ZH de hoje está recheado de assuntos de Beleza Real. Pra não ficar chato o plágio, reproduzo aqui um dos textos de Patrícia Rocha. Olha... a matéria toda está muito legal.

“Elas fizeram o que puderam em um mundo estreito”


Em entrevista desde a Espanha, a jornalista e escritora Rosa Montero fala por e-mail sobre Histórias de Mulheres e sobre sua própria história.

Donna ZH – No livro, cada mulher é apresentada a partir de uma característica reveladora. Como construiu esses personagens reais?
Rosa Montero – A verdade é que trabalhei estas personagens da mesma maneira com que trabalho meus personagens narrativos, tentando meter-me dentro de suas cabeças, tentando viver aí, em suas vidas, e entender como eram, o que sentiam e o que pensavam. A única diferença é que nas novelas se tem toda a liberdade para inventar o personagem, e, no caso das biografias, fui respeitosa com todos os dados reais. Primeiro documentava exaustivamente e depois tentava entender, a partir de dentro, como se sentiria alguém que tinha aquela vida.

Donna ZH – A senhora revela nuanças pouco conhecidas mesmo de figuras sobre quem tanto já foi escrito, como Simone de Beauvoir e Agatha Christie. Nesse processo de imersão, qual dessas mulheres mais lhe surpreendeu?
Rosa – Todas me parecem enormemente surpreendentes, por isso as coloquei no livro. São histórias fascinantes. Como gosto muito de ler biografias, já sabia que, na maioria das vezes, a imagem pública que se tem de alguém é um tópico e não corresponde à realidade. Assim, creio que por isso não me surpreenderam tanto essas duas que mencionas. Me fascinaram as histórias mais estranhas, como, por exemplo, Laura Riding ou María Lejárraga (respectivamente, a poeta e crítica literária americana e a mulher de um dos mais famosos dramaturgos espanhóis, Gregório Martínez Sierra, que teria sido a autora da obra que leva o nome dele). As duas têm vidas alucinantes e completamente extravagantes.

Donna ZH – Todas as mulheres de seu livro morreram há décadas. Foi uma escolha consciente?Rosa – Sim, fiz de propósito. Quis falar de mulheres já mortas, porque assim a aventura da vida estaria completa e porque creio que todas elas tiveram que enfrentar situações de sexismo infinitamente piores do que há hoje. Algumas delas foram pioneiras, e todas fizeram o que puderam em um mundo muito estreito. Mas, de toda maneira, o livro não é uma coleção de histórias exemplares, minhas mulheres não são todas estupendas – algumas são malvadíssimas e repugnantes como pessoa, como a mãe assassina de Hildegart (Aurora Rodríguez, que matou a tiros a filha escritora, aos 18 anos). Creio que hoje a situação melhorou muito, mas ainda há sexismo entre homens e mulheres.

Donna ZH – Há alguma mulher viva sobre quem a senhora ainda gostaria de escrever?Rosa – Não sou nada mitómana. Admiro pessoas anônimas. Por exemplo, a minha assistente, que aprendeu a ler e escrever aos 50 anos e é uma mulher maravilhosa.
Donna ZH - Que normas as mulheres do século 21 ainda precisam enfrentar?Rosa – Estamos ainda desconstruindo os papéis sexuais, tanto masculinos quanto femininos. Nos anos 1960, depois da pílula, as mulheres acreditavam que era “feminista” e “revolucionário” desdenhar a maternidade, considerá-la um defeito, uma desvantagem. Foi uma etapa de contaminação “machista”, porque a maternidade não é defeito nem desvantagem, mas uma potência maravilhosa, algo poderoso. Não quero dizer que todas as mulheres tenham que ser mães (não sou e nunca quis ser), mas que tivemos que aprender a valorizar nosso próprio ser, porque nos víamos (e ainda nos vemos, em algumas ocasiões) pela perspectiva dominante masculina. Há um caminho a percorrer, tanto para os homens quanto para as mulheres. A chave essencial da liberação das mulheres passa por assumir e respeitar seu próprio desejo e não o dos demais.

Donna ZH - Que mudanças estão sendo motivadas pelos homens? No Brasil, por exemplo, acaba de entrar em vigor a lei da guarda compartilhada, uma conquista de pais separados.
Rosa – A educação compartilhada parece uma conquista para todos. É parte desta desconstrução do sexismo. Se a sociedade mudou tanto no último século é porque os homens mudaram, ou seria impossível. Há até pouco tempo, eles não tinham começado a refletir sobre sua condição, sobre o estereótipo masculino, que escraviza tanto quanto o feminino. Na última década, começou a surgir um pensamento masculino crítico ao papel tradicional do homem, rechaçando o homem sem sentimentos, focado só no trabalho, competitivo... Isso é libertador para todos.

Donna ZH – Que normas a senhora contestou em sua própria vida?
Rosa – Muitíssimas. Cresci na ditadura de Franco, em um mundo tremendamente sexista e em uma família muito machista. Tive que romper com tudo.

Donna ZH – Com o que foi preciso romper em sua família?
Rosa – Trata-se mais de uma maneira de viver ou uma maneira de ser, que te leva a enfrentar teu pai aos 15 anos e rechaçar o papel feminino tradicional, e a partir daí tentar simplesmente fazer sua vida e ser dona dela, o que implicou, por exemplo, fazer teatro independente ou sair da casa dos pais para viver sozinha quando nenhuma mulher fazia isso na Espanha, ou viver em comuna, ou fazer campanha pública pelo aborto culpando-me ante o juiz para conseguir a lei da descriminalização do aborto, ou estar contra o casamento e viver sem casar com diferentes homens, ou decidir não ter filhos ou... São muitas coisas, e, por outra parte, é uma vida absolutamente normal, uma vida de uma mulher do meu tempo. Só que, quando era adolescente, não era normal ser assim.


Que brasileiras se afastam hoje das normas? Há convenções a enfrentar no século 21? O livro Histórias de Mulheres, de Rosa Montero, que elenca figuras que viveram à margem das regras de sua época, desafia o leitor a pensar quem de seu tempo, de seu país, poderia figurar nesta lista. Mais: pensar o sentido de uma nova lista como essa nos anos 2000.

Donna ZH endereçou o desafio a três pensadoras contemporâneas: a filósofa e poeta Viviane Mosé, que descomplicou a filosofia no quadro Ser ou Não Ser do Fantástico, a antropóloga Mirian Goldenberg, autora de De Perto Ninguém é Normal, e a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, que recém lançou, em parceria com Flávio Braga, Amor a Três, sobre relacionamentos além das convenções sociais.

Mirian hesitou quando soube que deveria indicar uma brasileira viva.– Você já sabe quem eu diria, né? – brincou ela, que, durante a entrevista por telefone, do Rio, recebeu a caixa com a reedição de um dos seus livros, Toda Mulher É Meio Leila Diniz. – Depois dos anos 1960, não há mais o que contestar. Agora há o culto à beleza, ao consumo... Quem questiona esse culto já faz algo de bom.Viviane Mosé foi ainda mais incisiva. Depois de tantas quebras de tabu, seria a hora de repensar os excessos contestatórios do passado:

– Fui criada para não me casar, para adiar a hora de ter filhos... E isso é muito opressor. Por que mulheres não podem casar, ter filhos, serem femininas? A mulher está se tornando autoritária de tanta liberdade que quer ter.

Para Viviane, o momento é de as mulheres buscarem uma trajetória própria e se juntarem aos homens para construir novos valores para toda a sociedade.

Como diz Regina: nunca foi tão fácil cada um viver à sua maneira. Bastaria romper com modelos ultrapassados, perceber as próprias singularidades e experimentar.

Ao fim, cada pensadora trilhou um caminho: Mírian destacou duas mulheres que considera exemplares (não exatamente contestadoras), Regina escolheu uma anônima que vive um amor a seu modo e Viviane justificou por que não indica ninguém como modelo.