6 de fev. de 2007

Na passarela da vida

Enquanto grande parte das mulheres perseguem a beleza das modelos, a indústria da moda batalha para estabelecer um padrão estético mais aceitável para as passarelas.

Nesta segunda-feira, estilistas americanos reiteraram o desejo de lutar contra a magreza excessiva das modelos que participam da Semana da Moda de Nova York, mas sem estabelecer regras radicais, apesar dos apelos crescentes por uma regulamentação.

Antes tarde do que nunca! Já era tempo de todos chegarmos ao consenso de que modelos são exceção, não regra. Elas são lindas, é claro, mas aposto que se sentem tão pressionadas pelo padrão estético estabelecido no mundo da moda quanto as mulheres que tentam copiá-las fora das passarelas. Mesmo sendo esculturais, elas sofrem por mínimas gramas, eventualmente adquiridas. Já quem não é modelo, sofre por não ter as tais medidas padronizadas.

O que não dá para aceitar é que a beleza esteja apenas na forma física. Existem milhares de mulheres interessantes que merecem atenção por outras razões além da estética. A valorização das curvas sempre foi maior que a do intelecto. No Carnaval carioca, por exemplo, Preta Gil quebrou paradigmas, mas não recebeu atenção da imprensa. Escolhida como a primeira gordinha da história do carnaval a ocupar o posto de rainha da bateria da Mangueira, ela, heroicamente, se jogou na avenida sem vergonha ou preconceito. Acredito que aceitar tal convite deva ter sido super difícil. “O que as pessoas vão dizer?” “O que vão pensar? “Quanto vou ter de emagrecer ?” Mesmo a mais descolada das criaturas passaria por questionamentos como esses antes de aceitar o posto.

Mas Preta foi corajosa e está mostrando a que veio. Infelizmente, mesmo filha e sobrinha de quem é, uma mulher bonita, inteligente e com roupas bacanérrimas, ela não brilha tanto quanto outras. Mas tá lá. Todo mundo sabe que a Grazi é a gata do momento e que a Juliana Paes é uma baita gostosa. Mas e as outras? E as Pretas que existem nas avenidas do mundo? Não merecem holofotes?

Tudo isso deveria ser mais democrático. Não tenho nada contra mulheres padrão. Adoro moda, desfiles e toda a função que esse mundo representa. Quem me dera ser uma Gisele - juro que faria supermercado de biquini e pegaria todos os bofes do mundo! Mas, na falta do corpo escultural, acho que temos de encontrar o que existe de bonito dentro da gente. Mesmo que não sejamos perfeitas, vale lembrar que somos reais! E que a beleza vem de dentro pra fora!

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