15 de mar. de 2007
Contra o padrão Barbie
Conheci um blog bacanérrimo de uma menina chamada Denise Arcoverde.
Olhem o que ela escreveu:
Na minha busca por coisas positivas sobre a Suécia, descobri mais uma.
Ontem fui pra academia, fazer ginástica. Adoro malhar e faço isso com o maior prazer, desde os meus 14 anos, com algumas interrupções, é claro. As academias aqui são interessantes. Mas, depois falo sobre elas, hoje eu queria comentar outra coisa.
Fiquei observando as roupas do mulherio na academia (coisa bem brasileira!!). Elas usavam umas coisas que, no comeco me pareceram muito "esquisitas". Todas com uns camisetões e umas calças muito sem graça. Aqui, ninguém se destaca, mesmo as mais saradas. E olha que as mulheres aqui são lindas tem corpos muito bonitos... aí fiquei pensando nisso...
Não existe, aqui, a cultura de se expor, de se sobressair, as pessoas são o mais discretas que podem. A igualdade de gênero no trabalho, na política, também causou profundas mudanças na sociedade. As mulheres, de uma forma geral, têm muito cuidado em não se colocar como objetos sexuais. Ok, Ok, a gente pode até achar que isso é muito sem graça, com a nossa sensualidade latina, a gente gosta de carregar nas tintas. Mas, será que vale a pena carregar o peso e a angústia que a maioria de nós, mulheres normais, carrega por não alcançar esse padrão de beleza perfeito durante toda a vida?
As mulheres acreditam piamente, aqui, que não devem ser usadas pra vender produtos. Comercial de cerveja com mulher pelada? nem por sonho. Há alguns anos atrás, as feministas chegaram a fazer uma campanha contra os comerciais de calcinha e soutien da Hennes & Mauritz que estavam espalhados pelas ruas da cidade por considerar que despertavam angustia nas mulheres com corpos normais.
Também não existem nunca, em lugar nenhum, propagandas do tipo "Kate Moss", com modelos anoréxicas e com cara de doentes. As modelos são lindas, mas com corpos saudáveis e circunferência de braço bem maior que as desnutridas da mídia brasileira e americana. (Meu marido é nutricionista e sempre comenta, quando vê as modelos na televisão ou em revistas: "mas elas estão sofrendo de desnutrição crônica, isso é sério, onde estão os pais dessas meninas???"... hehehe...)
Ai eu fui percebendo uma coisa. Como eu estou muito mais feliz comigo mesma, aqui. Como eu não me sinto pressionada a seguir o padrão Gisele Bundchen (o que seria, diga-se de passagem, impossível hehehe...). Mais do que isso, como eu, simplesmente, nem penso nisso....
No Brasil, a cada esquina você se depara com uma gostosona pelada em outdoor, as bancas de revista inundadas bundas e peitos, cada vez maiores. E tem as novelas (perceberam como a Claudia Abreu está esquelética???), comerciais de cerveja, shows da Kelly Key... tudo bem, é legal essa nossa famosa sensualidade brasileira. Mas, convenhamos, quem de nós tem e consegue manter aquele padrão "Julaina Paes" por toda a vida? e o que acontece com o resto das mulheres que nasceram "diferentes"? ou as que envelheceram? sim, por que isso acontece, e é inevitável!
Cria-se uma histeria coletiva pela juventude e pela magreza.
Eu fui uma adolescente magra, depois da gravidez virei "yoyo"... emagreço-engordo, como a maioria de nós, brasileiras. Atualmente estou "ligeiramente acima do peso" hehehehe... mas estou feliz, me sentindo ótima e mais gostosa que nunca! mas quando eu estou no Brasil tem sempre alguém ou alguma coisa pra me lembrar que eu não sou mais a mesma dos 20 aninhos e me derrubar...
Tem sempre uma tia pra perguntar se engordei na Europa ou uma amiga que não via há muito tempo pra me encarar feito uma pessoa com alguma doença contagiosa... é exatamente isso que eu sinto no Brasil... inadequação. Uma vez, vi a Fernanda Montenegro dizendo que as pessoas falam com ela, com raiva: "mas você envelheceu muito!", como se ela não tivesse o direito de envelhecer. A gente näo tem o direito de não ser linda, no Brasil.
Ter mais de 70kg e 35 anos então, é um pecado mortal que deve ser expiado com muita lipo-aspiracão, injeção na testa e peeling que tiram sua pele viva... dignos de tortura medieval. Ninguém pode, simplesmente, estar satisfeito com seu corpo, tem que estar sempre buscando mais.
Encontrei muita menina de 15 anos sofrendo horrores por que não tem peito ou por que o cabelo não é liso como aqueles aquecido a ferro das modelos. Gente, o Brasil precisa acabar com isso! A auto-estima das nossas mulheres nunca vai melhorar se a mídia não ajudar e a sociedade não pressionar, como fez a sociedade sueca!
Enfim, claro que continuo passando meu DMAE todos os dias, ácido retinóico toda noite (sob os olhares chocados do meu marido hehehe), muita ginástica e uma dietinha de leve. Mas, tudo isso sem pressão, sem sofrimento, sem a busca de um modelo inalcançável. Gosto dos meus quilinhos a mais, eles são acolhedores. E as ruguinha são prova de que ri muito na vida e chorei também. Enfim, tive emoções. Mas, com certeza, me sinto muito mais feliz aqui por que me sinto no direito de ser o que eu sou.
Algun Fatos:
Se a Barbie fosse uma mulher real, teria que andar de quatro, por causa da proporção do seu corpo
Colocadas em fila, todas as barbies vendidas desde a sua criação iriam dar 7 voltas ao mundo.
Uma geração atrás as modelos pesavam 8% menos que uma mulher média, hoje, elas pesam, pelo menos, 23% menos.
In 1995, um estudo psicológico mostrou que três minutos olhando fotos de modelos em revistas femininas causava sentimentos de depressão e culpa em 70% das mulheres pesquisadas.
Muitas vezes essas modelos são tão magras que param de menstruar.
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