A beleza: nós a percebemos como aquilo que nos agrada esteticamente e causa um verdadeiro prazer em sua simples admiração. A beleza está em nós, no nosso “olhar o objeto” designado belo. O sentimento pela beleza é algo eterno e invariável, está entre os homens há bastante tempo. Mas, os padrões são relativos e circunstanciais à época e ao momento, principalmente no que se refere às formas femininas. Eles estão sempre conjugados à moda e à moral que regem seu tempo.
O poeta Baudelaire, do séc XIX, dizia que a moda, as roupas e seus adereços, eram uma espécie de deformação sublime da natureza, já que, para ele, o homem é naturalmente um ser abominável e perverso, capaz das piores atrocidades. E a artificialidade das vestes vem como uma tentativa de atingir o belo e a perfeição, em uma permanente correção da natureza. Assim, a moda seduz aquele que a contempla, envolvendo o indivíduo, que deseja se produzir e consumi-la.
Hoje, o belo se desvirtua um pouco de seu ideal de perfeição, como sugeria a arte. A beleza tornou-se um produto, um bem de consumo adquirível com cirurgias plásticas, com a compra de uma bolsa Chanel ou Louis Vuitton ou com a aquisição de um belo Mercedes. As emoções oriundas da literatura são substituídas pela novela, e no lugar da Vênus de Milo, estão os tratamentos de beleza e o Photoshop para corrigir qualquer imperfeição, como estrias, celulite ou olheiras.
Nessa busca por uma imagem ideal e perfeita, surgem os problemas, como os distúrbios alimentares, tais como a anorexia e bulimia, normalmente acompanhados de distúrbios da imagem, onde a menina sempre se enxerga gorda diante do espelho por mais magra que esteja, perdendo os parâmetros e a noção de peso. As grandes marcas têm sido acusadas de forçar as medidas dos seus produtos e dos manequins que os desfilam, criando, dessa forma, uma imagem irreal da beleza feminina, baseada em corpos muito magros. Essas marcas vendem um significado da imagem ao sujeito, e ao consumir eu passo a fazer parte daquela imagem. O que transforma algumas pessoas, capazes de tudo para serem e fazerem parte dessa imagem perfeita, desde dietas de fome, “mutilações” corporais ou mesmo a compra de itens falsificados.
Com o passar dos anos, os padrões de beleza mudaram radicalmente. Se, nos anos 50, musas como Marilyn Monroe e Brigitte Bardot fizeram sucesso, nos anos 60 a magricelinha Twiggy se tornou ícone, embora seu corpo, não pudesse ser padrão para brasileiras, que sempre tiveram generosos curvas (veja a Leila Diniz, por exemplo). Já nos anos 80, onde começam as febres por academias, o gênero prioriza as saudáveis e sexys, como a modelo e atriz Cindy Crawford. Nos anos 90, onde surge a moda Grunge, as modelos deveriam ter a aparência junkie, e Kate Moss (até hoje considerada a mulher mais bem vestida do mundo) se torna ícone. Hoje, Kate Moss, apesar de ter sido flagrada usando drogas recentemente, tem os maiores contratos publicitários de moda, embora a über model da vez seja a brasileira Gisele Bündchen, repleta de belas curvas e, ainda sim, magra.
Por: Ana Carolina Acom – formada em Filosofia pela UFRGS, é pesquisadora e consultora de moda e semiótica das vestimentas. Colunista do site: http://www.modamanifesto.com.br/ E-mail: mailto:ac.acom@terra.com.br
Por: Ana Carolina Acom – formada em Filosofia pela UFRGS, é pesquisadora e consultora de moda e semiótica das vestimentas. Colunista do site: http://www.modamanifesto.com.br/ E-mail: mailto:ac.acom@terra.com.br
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