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Os temas ligados aos exageros estéticos estão em alta. No último domingo, uma matéria no jornal Zero Hora, mais uma vez falou do tema. Olha aí o texto da Melissa Hoffmann.
O preço real da beleza
Dispostas a tudo para atingir um determinado padrão de beleza, muitas mulheres se submetem a dietas e procedimentos que podem colocar a saúde em risco ou até levar à morte
Dois casos recentes, ocorridos em março, reabrem a discussão sobre a busca da perfeição estética que coloca em risco a saúde e até a vida dos vaidosos. Internada em estado gravíssimo na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Quinta D'Or, no Rio de Janeiro, a estudante Andréa Lindner Gadelha luta para sobreviver. Aos 34 anos, a gaúcha está com 98% do corpo queimado após passar por quatro sessões de bronzeamento artificial nos dias 14 e 15 de março. No dia 20, a dona de casa goiana Maria Eni da Silva, 33 anos, morreu depois de se submeter a uma escova progressiva em um salão. Os casos voltam a alimentar a polêmica: até que ponto as pessoas estão dispostas a se sacrificar para atingir um detrminado padrão de beleza? - A busca só aumenta, não retrocede, assim como os avanços tecnológicos da medicina. Sempre que as técnicas estéticas são mal-usadas e caem em mãos de pessoas não-especializadas, ocorrem acidentes - afirma a dermatologista paulista Ligia Kogos. - As pessoas não têm culpa, elas só querem ficar mais bonitas. Exemplos que ficaram famosos, como o da modelo Cláudia Liz e o do cantor e compositor Marcus Menna Barreto, revelam os riscos e complicações inesperadas de quem se submete a uma cirurgia plástica. Os dois sofreram choque anafilático e ficaram em coma depois de realizarem lipoaspiração para a retirada de gordura localizada do abdômen. - Existe uma doença chamada dismorfia corporal que acomete 10% das pessoas que procuram um cirurgião. Elas não conseguem enxergar nenhum atrativo físico em sua aparência. Têm preocupação excessiva com a vaidade e são inconformadas com a própria beleza. Para esses pacientes, não adianta cirurgia plástica, e sim tratamento psicológico - explica o cirurgião plástico paulista Rolando Zani. Com 46 quilos e medindo 1m74cm, a modelo paulista Ana Carolina Reston Macan se achava gorda. Passou a comer só tomate e maçã. Emagreceu até chegar aos 40 quilos. Morreu no dia 14 de novembro de 2006, aos 21 anos, em conseqüência de uma anorexia nervosa. O tema foi amplamente debatido, e vários especialistas alertaram para o perigo que corre quem sofre de transtornos alimentares. Mesmo assim, o novo alerta não mudou a atitude de milhares de meninos e meninas que participam de comunidades no site de relacionamento Orkut. Eles usam pulserinhas pró-Ana (anorexia) e pró-Mia (bulimia), trocam dicas de como superar as dores de estômago e o que fazer quando a menstruação pára e os cabelos caem. Menos radicais, mas não menos agressivas com o próprio corpo, as comunidades em homenagem aos corsets - espartilho, em francês - não param de crescer. As moças ajustam tanto a peça ao corpo que chegam a "perder" três centímetros de cintura e queimar os dedos de tanto puxar os cordões para amarrá-lo. - Todos nós, desde pequenos, temos noção do que é belo e do que agrada. A mídia não nos ensina o que é bonito, mas dirige nossa preferência para os modelos - opina Dora Ullmann, endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, seção Rio Grande do Sul. - No momento em que não nos adequamos ao que é tido como belo pela sociedade, procuramos atingir o padrão ideal a qualquer custo, e aí surgem as doenças.
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