8 de abr. de 2007

Quanto custa ser bela


Os temas ligados aos exageros estéticos estão em alta. No último domingo, uma matéria no jornal Zero Hora, mais uma vez falou do tema. Olha aí o texto da Melissa Hoffmann.


O preço real da beleza

Dispostas a tudo para atingir um determinado padrão de beleza, muitas mulheres se submetem a dietas e procedimentos que podem colocar a saúde em risco ou até levar à morte

Dois casos recentes, ocorridos em março, reabrem a discussão sobre a busca da perfeição estética que coloca em risco a saúde e até a vida dos vaidosos. Internada em estado gravíssimo na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Quinta D'Or, no Rio de Janeiro, a estudante Andréa Lindner Gadelha luta para sobreviver. Aos 34 anos, a gaúcha está com 98% do corpo queimado após passar por quatro sessões de bronzeamento artificial nos dias 14 e 15 de março. No dia 20, a dona de casa goiana Maria Eni da Silva, 33 anos, morreu depois de se submeter a uma escova progressiva em um salão. Os casos voltam a alimentar a polêmica: até que ponto as pessoas estão dispostas a se sacrificar para atingir um detrminado padrão de beleza? - A busca só aumenta, não retrocede, assim como os avanços tecnológicos da medicina. Sempre que as técnicas estéticas são mal-usadas e caem em mãos de pessoas não-especializadas, ocorrem acidentes - afirma a dermatologista paulista Ligia Kogos. - As pessoas não têm culpa, elas só querem ficar mais bonitas. Exemplos que ficaram famosos, como o da modelo Cláudia Liz e o do cantor e compositor Marcus Menna Barreto, revelam os riscos e complicações inesperadas de quem se submete a uma cirurgia plástica. Os dois sofreram choque anafilático e ficaram em coma depois de realizarem lipoaspiração para a retirada de gordura localizada do abdômen. - Existe uma doença chamada dismorfia corporal que acomete 10% das pessoas que procuram um cirurgião. Elas não conseguem enxergar nenhum atrativo físico em sua aparência. Têm preocupação excessiva com a vaidade e são inconformadas com a própria beleza. Para esses pacientes, não adianta cirurgia plástica, e sim tratamento psicológico - explica o cirurgião plástico paulista Rolando Zani. Com 46 quilos e medindo 1m74cm, a modelo paulista Ana Carolina Reston Macan se achava gorda. Passou a comer só tomate e maçã. Emagreceu até chegar aos 40 quilos. Morreu no dia 14 de novembro de 2006, aos 21 anos, em conseqüência de uma anorexia nervosa. O tema foi amplamente debatido, e vários especialistas alertaram para o perigo que corre quem sofre de transtornos alimentares. Mesmo assim, o novo alerta não mudou a atitude de milhares de meninos e meninas que participam de comunidades no site de relacionamento Orkut. Eles usam pulserinhas pró-Ana (anorexia) e pró-Mia (bulimia), trocam dicas de como superar as dores de estômago e o que fazer quando a menstruação pára e os cabelos caem. Menos radicais, mas não menos agressivas com o próprio corpo, as comunidades em homenagem aos corsets - espartilho, em francês - não param de crescer. As moças ajustam tanto a peça ao corpo que chegam a "perder" três centímetros de cintura e queimar os dedos de tanto puxar os cordões para amarrá-lo. - Todos nós, desde pequenos, temos noção do que é belo e do que agrada. A mídia não nos ensina o que é bonito, mas dirige nossa preferência para os modelos - opina Dora Ullmann, endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, seção Rio Grande do Sul. - No momento em que não nos adequamos ao que é tido como belo pela sociedade, procuramos atingir o padrão ideal a qualquer custo, e aí surgem as doenças.

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